terça-feira, 2 de junho de 2009

Coral BDMG Cultural se apresenta em Cachoeira do Campo


No último sábado, dia 30 de maio, a comunidade cachoeirense recebeu com muita alegria a apresentação do Coral BDMG Cultural, que apresentou o repertório da música colonial mineira pelos caminhos da Estrada Real.

Parabéns ao Coral BDMG Cultural!!! Voltem sempre!!!

ISTO É OURO PRETO!?


Comunidade de Cachoeira do Campo, distrito histórico de OURO PRETO, reage com muito humor ao descaso com o Cruzeiro de Pedra da Praça da Matriz.

domingo, 31 de maio de 2009

O ADEUS AO CHALÉ DAS MERCÊS (Nota triste)


Preservar um Patrimônio Histórico não é apenas manter de pé um passado mumificado. É, antes de tudo, conservar a cidadania de um povo. Todo povo, em se tratando de uma sociedade democrática e republicana, tem o direito de ter sua memória preservada. Destruir a história de um povo, é destruir o próprio povo, que se tornaria alheio ao seu passado histórico. Cada indivíduo é influenciado à sua maneira pela História de seu País e de sua cidade. Seja de forma individual ou coletiva, as vozes do passado soam nos ouvidos, por vezes surdos, de cada cidadão.

Tombou-se com a BURRocracia, mais um dos poucos edifícios que contam a história de Cachoeira do Campo. Até quando???





OS CHALÉS DE CACHOEIRA E O CHALÉ DAS MERCÊS

Alex Bohrer

Com a decadência do Barroco outros estilos se sucederam no mundo ocidental, sob os ditames dos padrões europeus. Tendência já apontada nos retábulos Rococós o neoclássico vai fazer ressurgir de novo o fôlego criativo apontado na Renascença. Surgindo pouco depois do neoclássico e convivendo com ele por vários anos, ressurge novamente o estilo das grandes catedrais da Idade Média, sob o nome de Neo-Gótico. Nestes últimos estilos se fazem durante o século XIX grandes construções na Europa e na América. No Brasil do interior, no Brasil Minas Gerais, estes estilos vão surgir aqui e acolá, não como o surto arquitetônico do Barroco, mas como espasmos de uma moda da distante Europa. Várias igrejas matrizes são construídas sob o estilo Neogótico, em especial nas novas cidades do século XIX. Nas velhas povoações coloniais este estilo aparece bem esporadicamente se escondendo e misturando com o casario colonial. Assim surgem nossos "chalés", residências que podemos chamar de ecléticas onde se conjugam arquitetura neoclássica, neogótica e colonial, adquirindo feições bem peculiares no interior de Minas, onde o estilo dos "chalés" sobreviveu do último quartel do século XIX até a década de 30 do século XX. O tipo de chalé mais comum nas nossas pequenas cidades vai ser aquele dominado pelos frontões triangulares e janelas de vergas também triangulares ou ogivais (tendência neogótica). Geralmente os chalés de Cachoeira não apresentavam portas frontais, sendo a entrada nestes casos conduzida por uma porta lateral. A frente é dominada por grandes janelas de verga triangular ou ogival, quase sempre em número de três ou quatro. O frontão formado pelo encontro das duas águas do telhado é adormado pelo óculo de formas diversas e pelos curiosos desenhos em madeira recortada do beiral. Cachoeira deveria possuir dezenas destas construções, hoje, infelizmente, elas não passam de dez. Há alguns anos atrás o mais imponente destes chalés cachoeirenses foi demolido indiscriminadamente para dar lugar a um moderno prédio construído com o mau gosto que vem grassando nossas construções atuais. Para que casos como este não se repitam é preciso mobilização e atenção do poder público, que do contrário, permitirá que mais um destes chalés seja extinto.
A referência aqui é ao chalé que se ergue próximo à igreja das Mercês em Cachoeira do Campo, assim cognominado Chalé das Mercês. Conta a tradição, até hoje corroborada pelas pesquisas neste sentido, que este chalé serviu como uma das escolas de Pe. Afonso de Lemos, grande cachoeirense, cuja obra educativa pela vastidão de pormenores não abordaremos aqui. Sabe-se que Pe. Afonso não conseguindo apoio oficial do poder público instalou sua escola em várias casas de Cachoeira e começou a construir a Igreja das Mercês, que serviria também posteriormente de escola ao benfeitor. Estes fatos foram registrados pela primeira vez de forma curiosa e por uma pessoa inusitada.
Em 4 de abril de 1881 Cachoeira do Campo recebeu a visita do Imperador D. Pedro II. Cachoeira recebeu festivamente a carruagem real com o imperador e a imperatriz que chegaram pelo Tombadouro. Pe. Afonso e pessoas influentes da localidade promoveram um banquete sobre o qual escreveu D. Pedro em seu diário, curiosidades que não cabem nestas linhas. O que interessa aqui é o seu relato sobre a obra educativa de Pe. Afonso. Diz ele claramente que visitou algumas casas onde se ministravam aulas para meninos e meninas. O trabalho do padre impressionou o imperador que doou do seu próprio bolso uma elevada quantia para o prosseguimento da obra. Além do referido chalé estar próximo à Igreja das Mercês nas cercanias onde Pe. Afonso centrou sua obra ele possui em seu frontispício algo curioso. Reza a tradição que onde o imperador entrasse em Cachoeira era posto uma bandeira do Império na frente da casa ou estabelecimento. Pois bem, ainda existe na fachada do referido chalé uma argola que, segundo crêem os mais antigos, serviu para fixar a bandeira do Império enquanto D. Pedro II permaneceu aí.
Verdade ou não a visita do imperador somente realçaria o interesse histórico do chalé, cujo estilo arquitetônico esteve em voga justamente à época da visita real. A história deste tipo de construção deve ser preservada para que os chalés possam embelezar nossas ruas por mais tempo, beleza que vem se esvaindo recentemente. Independente se foram visitados ou não por grandes homens devem ser preservados como representantes de um estilo e época que desapareceram. O Chalé das Mercês toma conotação especial pelas tradições e a história que o envolve. É dever de todos nós salvá-lo da ruína ou destruição.